segunda-feira, 29 de junho de 2009

Mesmo conhecendo a dura realidade de nossos alunos, acredito que não podemos e nem devemos ser indiferentes as situações de condutas violentas de nossos alunos, mesmo que essas estejam de acordo com a sua formação moral, devemos ter muito cuidado para que os procedimentos que escolhemos não serem exclusivos, para que não ocorra o que Jaqueline Picetti mencionou em Significações de violência na Escola: Equívocos da compreensão dos processos de desenvolvimento moral na criança?: " Esses alunos percebem que não há lugar na escola para o seu jeito de ser, isto é, seu processo de desenvolvimento e, às vezes, deixam de estudar. " O que fato não queremos, então me questiono, o que fazer?
Procuro sempre ser mais justa possível com os atos violentos dos alunos, não dando valor exagerado para eles, porque acredito que se ressaltarmos os pontos negativos com muita ênfase, eles aparecerão mais que os positivos e para crianças que estão formando-se moralmente é muito importante ter evidenciadas as situações positivas em vez das negativas.
Nos dias de hoje, o que noto como um agravante da conduta violenta é a falta de limites. Não devemos confundir a formação moral com amoralidade, e essa sim é uma realidade de nossos dias escolares, que muitos pais acreditam que para a formação da criança ela não pode ser criticada, ou não receber nenhum não. Para a criança ter formação do que é certo e errado, e de que se ela tiver atitudes incorretas com as pessoas essas atitudes acarretarão conseqüências desagradáveis para estas pessoas e para ela mesma, é imprescindível a intervenção dos adultos responsáveis por elas.
Educa-se no exemplo, as crianças imitam nossas atitudes e se ficamos indiferentes ao acesso de violência, seja ela reflexo da formação moral ou não, acabaremos criando seres indiferentes a dor e ao sofrimento alheio. Indiferentes à violência ou o que é pior, favoráveis a ela.
Montamos este mosaico em aula para uma atividade da interdisciplina de QUESTÕES ÉTNICO-RACIAIS NA EDUCAÇÃO: SOCIOLOGIA E HISTÓRIA
Conversei com eles se precisávamos escrever um título para nosso trabalho, houve sugestões:
“ Gentes de todos os jeitos...”
“ Cada um é diferente e é importante...”
“ Somos uma mistura de gentes...” (Adorei essa!)
Certamente é no exercício de nossas expressões e no repensar atitudes que acabamos com preconceitos; e eles estão muito mais camuflados do que podemos perceber, muitas vezes não somos sensíveis o suficiente, para nos darmos conta deles, mas observando meus alunos, trabalhando e interagindo pude renovar as esperanças em um mundo melhor, sem tantos preconceitos, mais humano.
A reafirmação da identidade indígena foi de suma importância para todos os povos indígenas que vivem no Brasil, pois passou a valorizar o índio como pessoa, como ser humano, que provém de uma cultura distinta da dos europeus, africanos e asiáticos, mas que da mesma forma é um povo. Diversos indígenas que durante os séculos de colonização negavam sua identidade étnica, agora passaram a reivindicá-la, bem como o reconhecimento da suas etnias e seus territórios ancestrais dentro do Brasil. Como afirma o texto “Os Indios no Brasil: quem são e quantos são”, escrito pelo representante do povo Baniwa, Gersen : “Ser índio passou de uma generalidade social para uma expressão sociocultural importante do país. Ser índio não está mais associado a um estágio de vida, mas à qualidade, à riqueza e à espiritualidade de vida. Ser tratado como sujeito de direito na sociedade é um marco na história indígena brasileira, propulsor de muitas conquistas políticas, culturais, econômicas e sociais.”
As novas gerações indígenas demonstram muito interesse pela sua cultura, e para recuperar o valor da identidade indígena. Que afirmam que sua história dá sentido às suas vidas; uma vez que ser índio é aceitar um passado histórico marcado por violência e desvalorização, mas ao mesmo tempo é motivo de orgulho, uma vez são descendentes de povos que habitavam o Brasil antes de sua colonização. Conforme afirma o autor: “A reafirmação da identidade não é apenas um detalhe na vida dos povos indígenas, mas sim um momento profundo em suas histórias milenares e um monumento de conquista e vitória que se introduz e marca a reviravolta na história traçada pelos colonizadores europeus, isto é, uma revolução de fato na própria história do Brasil.”
Acredito que assim como para com o povo afro descendente, o Brasil como Estado e seu povo, tem uma dívida muito grande para com os povos indígenas, que acredito está iniciando a ser saudada, com o reconhecimento da importância desses povos para o desenvolvimento brasileiro e para nossa cultura.
Devemos além de reconhecer sua importância aprender com eles a valorizar a cultura de nossos antepassados, conhecer e reconhecer de onde originamos para podermos fortalecer nossas relações no presente e não sermos esquecidos no futuro.
Questões sobre o como auxiliar nossos alunos a serem indivíduos melhor estruturados e com conhecimento que os auxilie a desempenhar papéis que queiram assumir na sociedade, rondam o professor, seja nos momentos de planejamento, seja na prática ou na auto-avaliação de suas aulas; para que sejam eficientes nossos objetivos penso que:
Devemos procurar conhecer nossos alunos, sua realidade e o porquê deles ter certas atitudes, não que a condição social, ou a genética justifique algum ato, mas na maioria das vezes o indivíduo reflete o que vive, então acredito que conhecendo nosso aluno, e sendo sensível a sua existência, tratando-o como um indivíduo capaz, competente e necessário, que tenha importância na sala de aula, fazendo-o sentir-se amado, respeitado, em muitos casos funciona.
Ou seja, acredito que devemos humanizar a escola, já que esta assumiu papéis que não eram seus e estamos diante dessa dialética, onde uns assumem uma postura e outros outra, onde nem ao certo os dirigentes sabem o rumo que a escola irá tomar o que nos resta a fazer diante de nossos alunos e de nossa sala de aula, é acolher, é dar exemplo, é resgatar o valor do bem, do amor ao próximo, da verdade, da justiça, da honestidade, auxiliando a formar um homem mais humano.
Temos também que ajudar os alunos a aprender a se gostar e se amar, a respeitar suas limitações e suas capacidades e, sobretudo ser sensíveis a elas podendo evidenciá-las com nossos atos ou anulá-las.
Pensando em como o aluno aprende e como aproveitar o que ele aprende, o que ele sabe, recortei de um trabalho meu, a seguinte reflexão:
"Conforme Jaqueline Santos Picetti e Luciane Magalhães Corte Real no texto: A RELAÇÃO ENTRE OS SABERES COMUNITÁRIOS E OS CONTEÚDOS ESCOLARES NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO: “O trabalho com crianças de seis, sete, oito anos ou com adultos em processo de alfabetização deve ir além da decodificação de palavras: é necessário ler e escrever com sentido, o sentido na vida. O aluno deve articular essa aprendizagem em seu mundo, ou seja, o da comunidade em que vive. Utilizá-la como forma de comunicação e ampliação da leitura de mundo.”
Quando passamos a dar enfoque para o que o aluno sabe, este passa a ser um ser participante e ativo da sala de aula, pois ele adquire confiança em si e em seus saberes. Passa de aprendiz à praticante e de praticante a conhecedor, e a partir desses conhecimentos desenvolve outros e assim sucessivamente e infinitamente, segundo Fernando Becker: "Construtivismo significa isto: a idéia de que nada, a rigor, está pronto, acabado, e de que, especificamente, o conhecimento não é dado, em nenhuma instância, como algo terminado. Ele se constitui pela interação do indivíduo com o meio físico e social, com o simbolismo humano, com o mundo das relações sociais; e se constitui por força de sua ação e não por qualquer dotação prévia, na bagagem hereditária ou no meio, de tal modo que podemos afirmar que antes da ação não há psiquismo nem consciência e, muito menos, pensamento."
A partir do momento em que lidamos com o conhecimento dos nossos alunos, quando utilizamos seus saberes em sala de aula, estes passam a ter uma postura de seres atuantes que praticam para desenvolver seus conhecimentos, e isso oportuniza a todos os alunos desenvolverem-se, pois todos têm oportunidade de pensar, refletir, criar e opinar. "

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Refleti sobre algo: Muito do que li nesse semestre veio a afirmar conhecimentos que eu já possuía, talvez não embazados teoricamente, mas que eu já possuia; Mas acredito que essa é uma conclusão muito oportuna, pois vem a afirmar minhas metodologias, minhas crenças e minha forma de trabalho, ou seja, o que eu trabalho não está tão fora dos conceitos estudados em Pegadogia e as minhas crenças anteriores não eram tão fora dos conhecimentos chamados acadêmicos. Muito disso se deve à formação continuada que oportunizada pelo Município de Sapiranga e também ao fato de eu criticar meu trabalho e procurar aperfeiçoá-lo ao longo do tempo.
Kant afirma que, em Sobre a Pedagogia, ed. UNIMEP, 2002: "... A disciplina submete o homem às leis da humanidade e começa a fazê-lo sentir a força das próprias leis.(...) Assim, as crianças são mandadas cedo à escola, não para que aí aprendam alguma coisa, mas para que aí se acostumem a ficar sentadas tranquilamente e obedecer pontualmente àquilo que lhes é mandado, a fim de que no futuro elas são sigam de fato e imediatamente cada um de seus caprichos."
Transcrevi esta fala para ressaltar algo que venho pensando ao longo de meus anos de magistério: que mesmo que todos afirmem que não, ainda somos acomodadores de corpos na escola. Claro, nossa função modificou-se ao longo dos tempos, mas a primordial é essa: Disciplinar os corpos, humanizar o homem. Por mais que tentamos organizar as salas de aula, com extruturas diferentes( grupos, forma de u, de v), ainda temos classes e cadeiras, ainda precisamos esperar nossa vez de falar, ainda precisamos calar e ouvir, ainda temos cadernos com linhas para escrever, ainda copiamos do quadro, ainda temos intervalo( porque interver algo que é bom?), ainda brincamos de pega-pega (onde um espera a sua vez de ser pego para pegar, ou foge da vez de ser pegador...) o que está implíscito em nossos atos que nos torna acomodadores de corpos, são heranças ceculares onde, conforme o próprio autor o aprender não é prioridade...
Talvez esteja nessa herança o fato do ensino ser tão ineficiente?

terça-feira, 9 de junho de 2009

No texto:EDUCAÇÃO APÓS AUSCHWITZ, Reproduzido de ADORNO, T. W. Erziehung nach Auschwitz, o autor afirma que: "...é impossível pleitear amor
em situações profissionais, como a do professor com o aluno,
o médico com o paciente, o advogado com o cliente. O amor é
imediatista e se opõe decididamente a relacionamentos
arquitetados. "
Diferente do que o autor falou, acredito sim, no amor, acho que o amor ao próximo previne sim, muitos horrores, e que existe amor na relação professor/aluno, sem ele não seria possível educar nos dias de hoje. Podemos impor os limites através do exercício do amor, dessa forma os tornamos compreensíveis e aceitáveis. E o amor ajuda a dar autonomia ao indivíduo, uma vez que ele se aceita, se ama, pode ter mais autonomia porque confia em si mesmo. Já tive alunos que devido a relações de amor entre nós foi que consegui resultados positivos.
A realidade é severa e preocupante, e se deixarmos de lado o que acreditamos; no meu caso, que educo com amor, o que restará? O ceticismo é verdadeiro, mas cabe a quem o pratica, assim como o amor. Cabe a quem o pratica.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Estive refletindo sobre o fato de "ver um aluno", muitas vezes ouvimos essa afirmação, a forma como o professor vê o aluno é extremamente importante para o seu desenvolvimento ao longo das aulas, ao longo de um ano letivo. Refiro-me aos rótulos que os alunos carregam...
Num caso bem específico, comprovei esse fato; Em minha escola uma aluninha muito agitada e que "não parava nunca" segundo sua professora anterior, que "não tinha jeito", e que "também com a mãe dela, que a gente chama e não toma providência nenhuma, como vai mudar..."
Pois bem neste ano esta aluna está com outra pessoa, minha colega também, que não rotulou, recebeu-a igualmente como os outros, que teve dificuldades de adaptação no início com a aluna, mas que me disse o seguinte: "Sabe, ela põe um monte dos meus alunos no bolso... É agitadinha, mas está ligada, tem coisas que tem dificuldade, mas acredito nela... Falei com a mãe e ela vai procurar um médico para fazer exames..." E, vejo a mãe vindo buscar a aluna para irem ao médico, justificando faltas da aluna por consequência das consultas...
Pois, afirmo que a forma com que o professor atua, aborda, encara seus alunos, quando ele valoriza seus alunos como seres humanos, dessa forma certamente seu trabalho tem maiores resultados.
Pergunto: A aluna mudou? Não, a forma com que ela foi vista é que foi modificada.
Isso é algo que devemos nos dar conta enquanto professores.
Tentarei responder ao questionamento : "Quando colocas que "respondemos a ética e a moral, representamos-nas na escola, mas somos antes de mais nada humanos, e agimos com sentimentos." Quando? Em que caso esta pensando ao fazer esta afirmação?"
Pensei dessa forma, não em um caso específico, mas no geral, em quantas vezes temos vontade de dar a resposta para o aluno, quando vemos o comflito nos seus olhos, mas sabemos que se dermos a resposta, estaremos desperdiçando uma oportunidade de aprendizagem do aluno;
Ou então quando estamos muito cansados, sem paciência e aquele aluno que exige muito a nossa atenção torna a nos questionar pela décima vez a mesma coisa; respiramos fundo para sermos éticos, e respondemos ao questionamento;
Ou quando ouço um colega comentar: "Tive que sair, para dar uma respirada, contar até dez..."
Ou então quando nós mesmos saímos para dar esta respirada...
Deixamos nossa humanidade de lado em muitos casos, nossas reações humanas, sentimentais, para sermos éticos e agirmos dentro da moralidade.